Eu queria tanto que desse certo com alguém que, quando você apareceu, despretensioso e simpático, achei que poderia ser "a pessoa certa". Só esqueci de que não existe alguém certo ou errado: existem só duas pessoas que decidem estar juntas, enquanto há amor.
Mas foi injusto colocar tantas expectativas e esperanças em você. Ainda mais quando eu mal te conhecia, mas, desde o começo, você me parecia diferente dos outros com quem me relacionei. E era, mesmo. Mas isso não evitaria o nosso afastamento.
E eu fui injusta por mais uma série de motivos: porque eu esperei que você preenchesse vazios que só eu poderia preencher. Porque eu quis que você entendesse minhas carências em momentos em que você mal tinha tempo de pensar nas suas. Porque eu investi tanto no que a gente poderia ser antes de te perguntar o que você achava da ideia. Não se faz planos de casal sozinho, a vida sempre me ensinou isso. Mas eu tive medo de você dizer que eu nem valia tentativa nenhuma.
E assim eu fui insistindo, tentando te conhecer mais pouco a pouco, te colocando na minha rotina, marcando uma cerveja na quinta, cinema no sábado, um café rápido na segunda antes de ir pra faculdade. Fui te colocando nos meus dias fingindo que não era nada tão demais assim, mas, aos poucos, percebi que gostava bem mais deles quando te via. E te contei, pouco a pouco, das minhas inseguranças e fraquezas. Eu nunca fui muito boa em me relacionar, eu dizia. Você não entendia muito bem, achava que eu estava fazendo charme ou algo do tipo. Talvez agora tenha entendido.
O fato é que o tempo desgastou a nossa relação meio rápido demais, e você percebeu que eu queria muito, com intensidade demais. E você não tinha as mesmas vontades. Não fazia planos de me encaixar na sua rotina corrida como eu te encaixava na minha; talvez não gostasse tanto da minha companhia quanto eu gostava da sua.
À contragosto, aceitei o afastamento e, em seguida, a perda. Eu sabia desde a primeira ruptura como eu te veria cada vez mais nublado, menos nítido, mais distante, menos frequente. Até não te ver nunca mais. Acho que isso é o que mais me dói nas relações, aliás. Saber do fim. E eu sempre sei, desde que o processo começa.
Agora, sua ausência já não me dói mais, me acostumo rápido com perdas. Vivo elas há tanto tempo. Hoje, sei que devo ir mais devagar. Colocar os pingos nos is desde o princípio das relações. Esclarecer os desejos e as limitações. E, definitivamente, não fazer planos sem saber das vontades de quem está comigo.
Talvez assim, um dia, eu possa dizer que tenho aprendido a me relacionar amorosamente de um jeito um pouco mais tranquilo, mais disposto, mais calmo. Com vontade: sem desespero. Mas esse é um processo que precisa vir de mim. E não dos outros.
Textos cruéis demais para serem lidos rapidamente