Nos últimos tempos, aproveitando a minha própria solidão, eu tenho pensado: em que momento dedicar todo meu afeto a outras pessoas se tornou a prioridade na minha vida? Por que eu passei a entregar tudo em qualquer relação temporária, esperando que alguém me desse o mesmo em troca? Em que ponto da minha vida eu me esqueci de que sou muito mais do que amores românticos?
E foi tão estranho descobrir que eu tenho deixado outros aspectos tão importantes de quem eu sou e do que eu faço em nome de pessoas que nunca me pediram isso. E nem pediriam. E tão grande entender que o motivo de tanta frustração com o fim precoce de tantas tentativas foi o quanto eu acreditei nelas. E me doei. E me entreguei.
Mas esqueci de perguntar ao outro se ele queria toda essa entrega. Não lembrei da coisa mais simples de qualquer relacionamento: saber se quem também está nele quer o mesmo que eu. E, meu deus, eu poderia ter me poupado de tantas tristezas e dores, se eu tivesse apenas dito mais algumas palavras. Logo eu, que tanto escrevo, perdi a fala.
Mas todas as experiências me fazem crescer. Sou eu mesma que vivo repetindo isso por aí, mas agora tenho histórias pra contar e colocar isso em prática. Pretendo, das próximas vezes, ser mais sincera. E ir direto ao ponto, sem medo do que posso ouvir em resposta. Quem sabe alguém queira receber todo esse afeto que guardo. Mas, antes de querer distribuí-lo por aí, seria bom que eu dedicasse uma boa parte dele a mim mesma.
Afinal, aquele clichê nunca foi mais verdadeiro: se eu não me amar, nunca vou acreditar que mereço o amor que os outros me direcionam.
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